EspantARTE

No passado dia 8 de junho, pelas 16:00 horas, no espaço fronteiro ao edifício dos Paços do Concelho, no Terreiro, em Caminha, decorreu a inauguração da instalação artística “EspantARTE”, a qual contou com a presença da Direção do Agrupamento de Escolas Sidónio Pais, da Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Caminha, de docentes e crianças, para além de muitas pessoas que fizeram questão de marcar presença e de conhecer mais informações sobre esta iniciativa. A “EspantARTE” é uma instalação composta por um gigantesco papagaio, doze espantalhos com mais de dois metros de altura e dez carrinhos com flores. O papagaio foi idealizado e construído pelas colaboradoras da Biblioteca Municipal de Caminha e pelos funcionários da edilidade caminhense. Os espantalhos e os carrinhos floridos foram elaborados por todas as Escolas do Primeiro Ciclo e Jardins de Infância do Agrupamento de Escolas Sidónio Pais (ex-Coura e Minho), tendo resultado da colaboração de docentes, assistentes operacionais, alunos, pais e encarregados de educação, e outros membros / instituições da comunidade educativa. Toda a logística ao nível da construção e transporte de estruturas ficou a cargo da Câmara Municipal de Caminha. Esta instalação artística tem o seu fundamento no “Ano da Luz” (tema do Plano Anual de Atividades do Agrupamento), na relevância que o papagaio e o espantalho têm no imaginário infantil e em muitas obras literárias destinadas às crianças, e na importância da preservação e conservação do meio ambiente, em especial, na reciclagem e na reutilização. Encontrando-se em espaço público durante as próximas duas semanas, esta instalação, pela sua dimensão, pelas suas cores e pelas temáticas abordadas, torna-se claramente incontornável para todos quantos apreciem a criatividade e a capacidade de intervenção que resultam do congregar de sonhos e vontades.


Uma história espant(osa):


NÃO QUERO SER ESPANTALHO

Ano após ano chegavam bandos de pássaros de muito longe, mas com nenhum conseguiu fazer amizade. Mal o viam lá de cima mudavam de rota. Firmino ainda se tentou embelezar. Encheu de lindas papoilas vermelhas o grande chapéu preto, sujo e esburacado. Mas nem assim conseguiu melhores resultados. Que podia ele fazer numa situação daquelas? Fugir? Deixar de ser espantalho? Explicar aos pássaros que não queria nem podia fazer-lhes mal? Foram ideias que teve, mas nenhuma podia tornar-se realidade, porque cada vez se sentia mais enterrado no chão mole da seara, incapaz de se mexer, de fazer um gesto sequer. Ia já adiantada a primavera, quando viu desenhar-se no grande céu azul um bando de pássaros coloridos. Foi então que tudo se tornou cinzento e frio e abril, de súbito, se transformou num dezembro de tempestade. Era a primeira vez que via uma coisa assim. Empurrados pela forte ventania, os pássaros afastaram-se da rota e foram cada um para seu lado, muito aflitos. Alguns caíram exaustos no meio da seara. Só lhes restava um caminho e foi esse precisamente que escolheram: num esforço final juntaram-se todos e poisaram no chapéu e nos braços de Firmino que, feliz, os protegeu para evitar que fossem arrastados pela tempestade. Enfiou uns debaixo do casaco, outros debaixo do chapéu, outros ainda dentro das mangas largas e cheias de palha macia. Quando o temporal amainou, os pássaros agradeceram-lhe e prepararam-se para seguir de novo a sua rota. A rota tranquila da primavera. “Levem-me convosco. Porque eu gosto muito de pássaros e estou farto de ser espantalho” – pediu Firmino, cheio de timidez. Ainda não tinha acabado de falar e já os pássaros o elevavam no ar, a grande altura. Tão alto que nunca mais ninguém o viu. E agora, sempre que chega o mês de abril e as árvores se cobrem de folhas muito verdes e os campos de erva fresca e macia, Firmino voa alegre sobre as searas, suspenso nos bicos dos seus maiores amigos.
 
José Jorge Letria, Histórias do Arco-Íris

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